quarta-feira, 31 de março de 2010

"Cogito, ergo sum" (Penso, logo existo.René Descartes)


Penso, logo existo.

É...Descartes acertou, nós existimos. Nós seres pensantes, que vivemos de um lado para o outro, pensando no que fizemos, no que estamos fazendo, no que vamos decidir fazer! Será que ele não tinha uma frase que ajudasse a alguém esvaziar a cabeça de certos pensamentos?Pelo menos por algumas horas, pra que a cabeça se recomponha. Mas não...às vezes eu tenho saudades daquela época em que eu só fazia ouvir a conversa dos adultos, e pensava: isso eu concordo, ou isso eu não concordo. Bem simples né? Aí percebo que meu cérebro de ameixa desidratada começa a funcionar corretamente, e uma chuva de perguntas caem na minha cabeça.As principais são: Porque?Quais os motivos que te levam a pensar dessa maneira?Se você discorda significa que você tem uma visão diferente:que visão é esta?Que argumento você tem pra me dar? Adquiri o hábito, cansativo mas que é de meu direito, de opinar. E daí que começa a malhação de meu pobre cérebro, que a essas alturas, já está do tamanho de um melão maduro, que está quase explodindo. Você tem opiniões, argumenta a favor delas, discute com pessoas que também tem suas próprias opiniões, e muitas delas mudam de opinião a cada semana, dia, hora, minuto! Isso é só o começo.

Quando digo que minha vida não é fácil, não me refiro só à condição financeira que me encontro, embora ela tenha um peso enorme na hora de tomar certas decisões. E são as decisões, essas malditas decisões, que estão atormentando meu cérebro. Primeiro de tudo: não me encontro neste curso.Desenvolvi uma série de argumentos, sobre o porque de entrar nele, de porque não Medicina como eu vinha martelando desde que comecei a pensar feito gente de verdade. Não me arrependo de ter desistido de Medicina, isso não é pra mim. Mas este curso, o de Gastronomia, me tira do sério. Os professores (não todos, mas a maiora), nos dizem na cara, que somos a pior turma que já tiveram. Perguntam se estamos desestimulados.Ninguém tem coragem de dizer, porque ninguém na verdade sabe o que quer alí! Como é que alguém chega com uma apresentação de slides, vomita o assunto em você(falando errado, que é uma coisa que fico louca da vida!) quase sem respirar, e no fim da aula diz que estamos desestimulados, que somos os piores?Somos sim!Pelo menos eu sou! Se eu não estou gostando, pra que vou fingir que gosto?ODEIO hipocrisia, primeiro porque é ridículo e segundo porque eu mesma, nem que quisesse, consigo ser. Quando estou com raiva, entediada, sem saco, não consigo fingir, é demais pra mim. Com este problema do curso se acrescentam outras coisas: não tenho dinheiro pra investir em mim, não tenho tempo pra arranjar um emprego, já que este curso estúpido é à tarde e não existe um estágio sequer pra compensar, nem que seja financeiramente, esse pé no saco diário. - E aí? -perguntará você com as mãos na cabeça, sentindo seus fios de cabelo abandonarem o couro cabeludo. Nessas horas conto com meu pai, que além de pai, é o meu melhor amigo, que me dá conselhos pra que eu possa pensar e fazer a coisa certa. Já conversamos tanto sobre isso, que acho que podíamos escrever um livro, intitulado “Diálogos entre pai e filha- agüente se puder”. Ele não só percebeu o meu desespero, como me apoiou, e se ofereceu pra me pagar um cursinho pré-vestibular, coisa que nunca fiz na vida, pra que eu fizesse o Enem no fim do ano. Recusei. Pra que vou fazer um cursinho pré-vestibular, sangrando o bolso do meu pai, se não terei certeza que vou passar, já que as coisas mudaram, e o mais importante: O que é que eu quero?

Essa é a pior sensação que já experimentei, e olha que já passei um mau-bocado nessas oscilações financeiras, emocionais, psicológicas e afins. Como, eu pergunto, como eu não sei o que eu quero da vida?Meu pai diz que é normal, que eu ainda sou nova pra descobrir.Mas mesmo sendo nova, eu não deixo de pensar nisto. Me sinto uma inútil, pois estou fazendo uma coisa que não gosto, e pra que?Pra não ficar em casa estudando, lavando pratos nos intervalos, pra fazer uma prova no fim do ano, porque eu não quero cursinho pré-vestibular nem pensar! Já falei com meu pai,hoje, dia 29/03 aniversário da minha mãe, sobre esse dilema que minha mente vive. E ele entendeu, e me aconselhou, falando sinceramente como sempre: “não temos condições de lhe manter da melhor forma possível. Você vive essa realidade há muito tempo. Você já sabe a solução. Faça um concurso público para arranjar um emprego bom e fixo. Se você conseguir ótimo.Quanto à sua faculdade, se não der pra conciliar com o trabalho, tranque, já que você não gosta desse curso. Com uma renda boa, você pode investir em si mesma, como cursos de idiomas, aulas pré-vestibular e no fim do ano você tenta de novo. Enquanto isso você trabalha, ganhando seu dinheiro, sua experiência e tempo pra pensar no que você quer. Aproveite enquanto você está nova. A hora de virar a mesa é agora. Não espere ficar mais velha pra arriscar”. Não foram exatamente essas palavras, mas a essência é esta. Esse assunto me dá mais dor de cabeça do que meus dentes cisos que estão nascendo, empurrando os outros, quase me forçando a usar aparelho fixo (que fique registrado aqui, que eu NÃO vou usar aparelhos fixos, não vou mesmo!¬¬’).

Saber que uma simples decisão, vai mudar minha vida, o jeito que venho vivendo, me dá medo. É aquela famosa “zona de conforto” que me encontro, que me deixa maluca. Sempre que conversava com pessoas mais velhas, escutando seus conselhos, me sentia impotente, presa a uma escolha que fiz no ano do vestibular e presa a uma realidade que começou no ano seguinte. Mas se, com pouca coisa, posso mudar minha vida pra algo melhor, irei mudar. Já tomei cerca de 85% das decisões que já devia ter tomado a muito tempo. Acho que chegou a hora de agir, pra que eu não seja engolida de vez por esse sistema maluco. Apesar de ser nova, estou cansada desse meu modo de viver, de tomar decisões baseadas nesse meu curso universitário, que até agora só vem me estressando. Desde que o ano começou, eu tive a plena certeza de que ia ser breve a hora de começar a me mexer. E a hora chegou.

terça-feira, 30 de março de 2010

Tio Ita



Não me lembro de quando conheci Tio Itaner....Não lembro quando fomos ao aeroporto buscá-lo, só tenho alguns flashbacks, que já são o suficiente pra que eu sinta saudades e afogue meus olhos com tantas lágrimas. Eu não sei se consigo falar dele do mesmo jeito que meus avós, tios e pai falam,só sei que carinho e amor são as palavras exatas para descrever o que sinto por ele até hoje.
Faz pouco mais de um ano que Tio Ita nos deixou, mas a saudade ainda pulsa muito forte. Numa sexta-feira dessas, fui dormir, com a música Like a Rolling Stone (Bob Dylan) ecoando em minha mente.Eu já sabia quem essa música me lembrava. O ritmo da melodia do violão junto com aquela gaita...é como se fosse ontem que ele tivesse chegado de São Paulo, e se juntado na garagem com os três sobrinhos, meu avô e avó, e, com seu violão junto, começasse a tocar. Eu era pequena mas ainda lembro....da risada dele, das músicas dos Beatles que ele tocava(não lembro quais, mas a simples menção da palavra Beatles faz com que meu cérebro envie duas simples palavras: Tio Itaner), do “Yeees!” dele que até hoje minha irmã Paula faz de vez em quando, dos jogos de baralho que ele me ensinou(Mau-mau, prognóstico e pôker), da paciência que ele tinha pra ficar brincando comigo e com Paulinha, e de tudo que ele falou e nos ensinou...tudo fica na memória; lembranças meio turvas, pra uma simples criança se divertindo com seu tio-avô alegre, ali na garagem da casa do Pina ou então lá em Serrambi, quando eu tinha 15 anos...Eu me arrependo tanto de não ter aproveitado mais ao lado dele, quando ele e minha avó saiam pra caminhar na areia da praia, o tanto que eu podia ter escutado,aprendido ou até mesmo ter os momentos únicos de ouvir sua voz,aproveitado o máximo o carinho que ele emanava pra cada pessoa que lhe dirigisse a palavra. No dia seguinte a essa lembrança de Tio Ita, por causa do ritmo da música, fomos tomar café, e nos arrumar pra sair.Enquanto tiro a mesa, e começo a arrumar algumas coisas, vejo Paula no corredor:
-Nenê, painho ta chorando porque hein?
-Eu não tenho certeza, mas algo me diz que são lembranças de Tio Itaner.
Um minuto depois estávamos os 4 nos abraçando em cima da cama, chorando copiosamente de saudades.
Meu pai estava chorando, e quando vejo meu pai, meu símbolo de controle emocional, e minha fortaleza chorando, é difícil eu me manter intacta. Meu pai parecia um menino, com saudades de seu Tio, que fez uma longa viagem, sem passagem de volta à Terra...Até hoje meu pai não consegue escutar os Beatles, e prefere não ouvir enquanto está só, dirigindo nas longas viagens que ele faz, porque nunca se sabe a que ponto uma emoção assim é capaz de chegar. Ultimamente estou procurando conhecer músicas dos Beatles, escutando e vendo os significados de cada letra, sentindo a música de verdade. Assisti a um filme chamado “Across the universe”, com a trilha musical praticamente toda dos Beatles (cantada por outros), e que mostrava a vida de alguns jovens na época da Guerra do Vietnã. Achei o filme interessante, mas as músicas são lindas, e já comecei meu processo de coleta cultural pela internet. Na última vez que Tio Dandan veio aqui à Recife, passamos uma boa parte da tarde na música, Tio Dandan cantando e tocando violão (claro!) com uma dosezinha básica de whisky e eu olhando pra ele quase esfolando minha inveja por não saber tocar bem. Quando ele parou de tocar, e foi descansar, vovó chegou do meu lado e disse: “Sabe quem teria feito a mesma coisa?Itaner....assim como seus tios, ele iria lhe estimular a gostar de música....”
São essas e outras lembranças que me deixam saudosa e feliz, por ter conhecido Tio Ita... Eu estava querendo a muito tempo escrever sobre ele, mas fiquei adiando, porque eu sabia no que ia dar: choro. Estou aqui num computador da UFRPE, chorando pela 4ª vez desde que comecei a escrever....Mas é necessário que se lembre dele...Pra mim ele foi um anjo, que iluminou minha vida nos poucos momentos em que fiquei ao seu lado. A saudade não vai nos deixar nunca, principalmente para aqueles, como meu pai e tios, que conviveram e aprenderam muito, recebendo influencias, desde as musicais até as comportamentais...
Tio Ita, onde quer que você esteja, gostaria que você soubesse que você vai ser sempre meu tio querido, que amo muito e que espero que um dia possamos nos reencontrar.

Esta música, em minha humilde opinião, é a que cabe melhor nesse meu momento de saudades, me lembro muito dele escutando... Possa ser que eu tenha entendido errado...mas....o que vale é a intenção....

Hey Jude
(John Lennon/Paul McCartney)

Hey, Jude, don't make it bad,
take a sad song and make it better
Remember, to let her into your heart,
then you can start, to make it better.

Hey, Jude, don't be afraid,
you were made to go out and get her,
the minute you let her under your skin,
then you begin to make it better.

And anytime you feel the pain,
Hey, Jude, refrain,
don't carry the world upon your shoulders.

For well you know that it's a fool,
who plays it cool,
by making his world a little colder.
Na na na na na na na na...

Hey, Jude, don't let me down,
you have found her now go and get her,
remember (Hey Jude) to let her into your heart,
then you can start to make it better.

So let it out and let it in,
Hey, Jude, begin,
you're waiting for someone to perform with.
And don't you know that is just you?
Hey, Jude, you'll do,
the movement you need is on your shoulder.
Na na na na na na na na...

Hey, Jude, don't make it bad,
take a sad song and make it better,
remember to let her under your skin,
then you'll begin to make it better (better, better, better,better, better, oh!)
Na, na na na na na, na na na, Hey Jude
Na, na na na na na, na na na, Hey Jude